Quentin Tarantino está a ser acusado de ter favorecido os seus amigos como presidente do júri do Festival de Veneza, que terminou no passado sábado. Os principais prémios deste ano contemplaram uma ex-namorada, um amigo de longa data e um mentor do realizador de «Pul Fiction» e a imprensa italiana não está a poupar nas acusações. Sofia Coppola, a ex-namorada, ganhou o principal prémio: o Leão de Ouro para Melhor Filme com Somewhere». O amigo de longa data Álex de la Iglesia recebeu dois galardões com o filme «Balada Triste de Trompeta» e um deles foi o Leão de Prata como Melhor Realizador (n o outro foi para o argumento). Monte Hellman é um dos mentores de Tarantino e foi agraciado com um prémio de Carreira criado pelo júri a que ele presidia. O «Corrriere della Sera» foi um dos jornais cujas críticas são citadas pelo «The Hollywood Reporter». «A presidência [do júri] de Quentin Tarantino corre o risco de se tornar o mais óbvio conflito de interesses que é possível haver se nos lembrarmos que «Somewhere» e «Road to Nowhere» [de Hellman] foram simpáticos e interessantes à sua maneira, mas nada mais do que isso», escreveu Paolo Mereghetti, principal crítico de cinema do «Corriere». O realizador norte-americano negou qualquer favoritismo e apontou que a atribuição do Leão de Ouro a Sofia Coppola resultou de uma decisão unânime. E contou o que falou com Hellman em 1992 quando foi ao Festival Sundance com «Reservoir Dogs»: «Eu tinha um amigo no júri e ele [Hellman] disse-me que um amigo no júri é o pior inimigo que se pode ter, pois eles ficariam muito envergonhados por nos darem um prémio. Eu não ia deixar que uma coisa dessas me afectasse.»